sexta-feira, 20 de abril de 2018




VI UM HOMEM QUE CHEGAVA
ACHANDO QUE IA PARTIR
VI UM OUTRO DANDO ESMOLAS
PENSANDO QUE ESTAVA A PEDIR
VI A TRISTEZA ZANGADA
LÁ NA CASA DO SORRIR.


nunca eu soube fazer verso
Ou se sabia piorou
Quem faz verso que agrada
É chamado de Doutor
Se for assim eu não passo
De um simples lavrador.

Já vi gente nesta vida
O que ela faz eu não faço
Fazer um pote bonito
Modelar e da um traço
Sou um tocador de flauto
Tampo um buraco abro quatro.

Vi água pendurada em corda
A cabaça o cupim comeu
Vi um cego lá na feira
Enxergar melhor que eu
Um mudo contando história
De um surdo que se perdeu.

EU VI UMA MUIÉ HOMEM
NESSA ARTE DE LUTAR
ENFRENTAVA DEZ OU VINTE
SEM PRECISAR DESCANSAR
MAS QUANDO O FILHO DOENTE
SÓ SABIA ERA CHORAR.

Eu vi tudo nesta vida
Se for contar eu não sei
E quando estava caindo
No amor me segurei
E na rede da esperança
No outro dia acordei.

Olhei o caminho a frente
Pelo qual eu viajava
Lá na pensão da dor
Nem aluguel eu pagava
Mesmo assim eu descobri
Que a dor me enganava.

Eu não sei se nesta vida
Ainda falta muito eu ver
Se fico deste tamanho
Eu se ainda vou crescer
Só de uma coisa eu sei
Mas eu não quero dizer.

As cordas estão encurtando
O armador ficando alto
Eu não sei se é correto
O anão que usa salto
Quem tem estrada de barro
Não querer andar no asfalto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário