sexta-feira, 9 de setembro de 2011

quando o tema é triste é bem mais fácil a gente escrever


MERETRIZ DE IDADE

Vês esta mulher tristonha
Que ninguém mais quer notar?
Foi linda como outras
Antes de assim ficar!

Foi desejada por todos
Foi festa em todo salão,
Muitos nobres e fidalgos
Desejavam sua mão.

Passou por toda esta vida
De amores em amores a rodar
Velhos e moços belos
Em seus braços vinha parar.

Plantou em muitos corações
A terrível semente da dor
Foi olhada com cobiça
E aos sedutores deu amor.

Hoje velha e mirrada
Com as rugas lhe delatando
Levada por dor e esmolas
Seu destino vai enfrentando.

Aqueles homens de outrora
Pisam-lhe o rosto enrugado
Viram-lhe a face num escárnio
Negando a ela um passado.

O silêncio da noite fria
Traz-lhe recordação atroz
A lembrança de deleites
É um carrasco, é um algoz.

Seu corpo que a todos ajudava
 Hoje é apenas matéria
Seu canto de amores outros
Hoje, transformando em miséria.

Nada lhe restou da vida
Só amargura do que fez
E o desejo já impossível
De poder viver outra vez.

Mendiga pobre coitada,
A ninguém mais causa emoção
A não ser a um poeta
Num verso de compaixão.

De linda, nada restou.
Dos amores a saudade,
E a recordação tão feroz
De uma meretriz de idade.

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