sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

É muito bom falar de Deus!


BONITAS PERGUNTAS – BOBAS RESPOSTAS


Deus se parece conosco?

Claro que não, a imagem semelhança que dizemos é no sentido de poder amar, respirar, tanto é que não podemos tocá-lo, mas é certo que podemos senti-lo, pois sua presença é constante ao nosso lado.
Deus tem filho?
É fácil responder, pois tudo que existe, mesmo que não se veja foi criado por Deus, e se foi criado por Deus é porque ele admite como filho. Mas Deus teria criado irmãos para combaterem irmãos? Não, mas ele  criou a gente livre ao ponto de permitir que nele não se acredite, assim não interfere em nossos atos. Qual a satisfação que teria um pai em assistir um irmão matando ou explorando o outro? Ele é e tem que ser maior que um pai humano. “Se teu filho pedir um peixe a ele não será dada uma cobra”. Quanto mais nosso pai que está no céu!
Deus escuta minha oração?
Deus é perfeito. Então ele também nos criou com capacidade de perfeição, com força para a resolução de nossos problemas. Deus não nos criou para que fosse a todo instante por nós louvado, pois se Deus  precisasse de agradecimento estaria precisando de algo inferior a ele, mas devemos orar para o agradecimento da gratidão de Deus e ele certamente irá nos ouvir, não por ele, mas certamente por nós mesmos.
Onde é que Deus mora?
Deus não mora em lugar nenhum, ele não tem casa, pois é Deus e não iria pedir aos humanos para construir uma para ele, pois ele pode tudo e se pode tudo não precisa de uma casa para morar, porque ele é a própria casa, o próprio ar, em fim tudo que tem de belo. Para que imaginar onde Deus está? Não precisa, pois está em todo e qualquer lugar, basta você admitir e verá.
Deus sabe quando faço alguma coisa errada?
Deus não está preocupado se faço ou deixo de fazer alguma coisa errada, nós é que devemos nos preocupar com o que fazemos com relação ao nosso irmão. Deus nos criou com capacidade de criar e resolver, portanto cabe a nós mesmo a decisão de fazer ou não fazer o que é certo ou o que errado, pois no momento em que estamos fazendo algo a nossa consciência nos fala se é certo ou errado e se Deus é também nossa consciência ele sabe tudo o que fazemos.
Será que Deus castiga?
As pessoas é que se castigam entre elas mesmas, pois não podemos pensar em Deus zangado, aborrecido por isto ou aquilo, pois isto seria um deus pequeno. O castigo pode vir através de nossas atitudes, porque se elas são nocivas a cada dia nós vamos ficando mais isolados das pessoas e isto é um grande castigo.
Como fazer para agradar a Deus?
Ame o outro como se fosse você mesmo, vivendo e deixando viver, praticando lá fora o que você vivencia no meio dos outros. Não é bom e nem correto sua contrição dentro da Igreja e seu coração odiando o seu irmão lá fora. Freqüentando a Igreja apenas para aparecer bem diante do povo católico, inclusive comungando sob a alegativa de que se confessa com Deus, como se fosse um ente superior, coitado, algum dia esta sua maneira de pensar que engana a Deus para enganar o meio onde você vive a sociedade, vai deixá-lo para sempre enganado.   




quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Teus olhos


Toda mulher tem os olhos lindos – vejamos em versos, claro que versos simples como o autor.

TEUS OLHOS

Como são lindos teus olhos
Tão lindos como o luar
Ou quem sabe como estrelas
Lá no céu a deslizar.

Perto deles sou criança
Sou esperança sou feliz.
Até parece num suspiro
Eu te amo alguém me diz.

Os teus olhos me abraçam
Caçam-me contam segredos
Perto deles sou soldado
Que da guerra não tem medo.


São duas estrelas candentes
Se acendendo na escuridão
Abelhas que tiram o mel
Fabricado no coração.

São duas fontes formosas
Mimosas no deslizar
No bosque a arvore mais linda
Do amor a suspirar.

Se eu tivesse teus olhos
Se deles tivesse a cor
Meu nome seria outro
Meu nome seria amor.


Quando nesta vida a gente
É desprezado pelo amor
Por todo canta que passa
Vamos espalhando a dor.


O sol já brilha diferente
No céu não existe o luar
Até os pássaros alegres
Pra nós deixam de cantar.

E vem um vazio que fere
Como fogo nos consumindo
E nos caminhos da saudade
Os pensamentos vão seguindo.

E as recordações se instalam
Na mesa do sofrer
Vestidas de roupas prestas
Para assistir alguém morrer.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

retrato em 3/4

RETRATO EM  3/4  (TRÊS POR QUATRO) DE UMA MÃE SERTANEJA

A gente se vestir de triste para escrever o alegre é tão complicado como vestido de alegre escrever o triste – embora até o final fale o poeta de uma verdadeira guerreira como são todas as mães  - muitos sabem que minha mãe ainda vive, é bonita e tem saúde. – o resto foi tudo que contei a vocês nestes versos simples, mas arrancados do útero da alma  de meu velho comboio de cordas.

Seu moço peço licença
Faça favor me escutar
Vou lhe contar uma história
Que sempre me faz chorar
De uma mãe sertaneja
Que um dia Deus veio busca.

O meu nome entre os de casa
Era João da Conceição
Conceição era mamãe
Mulher de bom coração
Veio ao mundo em boa hora
Para alegrar o sertão.

Os meus irmãos eram dez
Raimundo, Pedro e José,
Quitéria, Maria e Fátima,
Ana, Zefa e Franciné,
Em fim Francisco das Chagas
Batizado em Canindé.

De manhã muito cedinho
Mamãe começava a lutar
Madrugada já gritava
Me puxando o calcanhar
Avia! Acorda menino
Vamos o leite tirar.

Fasta p’ra lá, vaca estrela!
Gritava mamãe zangada
Vai dá coice no capeta
Bicha amaldiçoada
Esta praga é tão ruim
Que o leite já sai coado.

Pano envolto na cabeça
No olhar a disposição
Sinceridade na face
Pureza no coração
Olhos fitando a verdade
Pés assentados no chão.

Anda, João vem cá, menino!
-Buscar água de beber!
E eu fazia cara feia
Mas sem nada responder
Mesmo com  muita preguiça
O jeito era obedecer.

Você ainda ta ai, menino!
Ela gritava p’ra mim
Qual Santa fitava o céu
Como se fosse sem fim
Vá por ali, seu vadio!
E punha o pé no “camim”.

São João ah! Que noites belas
Ela fazia as fogueiras
E arrumava direitinho
A lenha da catingueira
Com seu vestido de chita
Se tornava a mais faceira.

Sentava ao pé da fogueira
E começava a dizer
O algodão ta muito bom
O feijão vai render
 O milho tá tão cheiinho
Que da gosto a gente ver!

Em meio àquela conversa
Eu pedia encabulado
-Mãe eu posso ir à festa?
O sanfoneiro é falado,
-Só se for com tio José
E ficar bem comportado.

E vocês não querem ir?
Indagava a cada irmão.
Alguns deles s’tava mole
Ela passava um sermão
Vocês são mesmo uns bananas
Nem se parecem com o João.

Falava séria e sorria
Como se dissesse um amém,
Fitava o céu  como Santa
E me dizia também
A hora que o tio vier
É a hora que você vem.

E a gente ia para a festa
E até podia notar
Que seus lábios delicados
Não cessavam de orar
E eu já ficava sabendo
Que tudo certo ia dar.

Como  era lindo eu me lembro
Juntando as mãos p’ra pedir,
Fitava a imagem de Cristo
E começava a sorrir ...
Às vezes Cristo sorria
Querendo a ela servir.

Rezando aos pés de Maria
Que quadro embriagador
Duas Santas conversando
Que bela cena de amor
Mamãe falava de nós,
 Maria, do Salvador.






Terminada  oração
Mamãe vinha abençoar
Não sei se a ela ou Maria
A benção eu  estava a tomar
Para  mim eram iguais
Nosso sono a embalar.

Mas de manhã cedinho
Chegava a realidade
O convite para  a luta
Trazia toda a verdade
Daquele encontro de Santas
Eu tinha muita saudade.

Se as vezes um de nós
Na cama estava doente
Suas faces viravam dor
Seus olhos ficavam ausentes
E ao nosso lado assistia
Como presa por correntes.

E o tempo foi passando
E eu fui podendo notar
Que sua voz insegura
Começava a tremular
Seus cabelos pareciam
Com uma serra a nevar.

Já não tinha o olhar tão firme
Sua face era cansada
Suas mãos não mais seguras
A testa toda enrugada
Indecisa e vacilante
Era sua caminhada.

Seus olhos não alcançavam
O alegre amanhecer
O bastão antes p’ra luta
Hoje usava p’ra se erguer
E até das belas fogueiras
Já começava a esquecer.

Mas seu rosto era tão puro
Como o de um anjo de Deus
 Lábios trêmulos, cansados,
Ela abençoava os seus
Dentro de mim algo dizia
Que estava próximo o adeus.

Certo dia eu viajei
Fui p’ras bandas da cidade
Na volta não estava só
Me acompanhava a saudade
E sem querer percebi
Que eu chorava de verdade.






Desejei naquela instante
Ser pela terra ser tragado,
Pois me faltava coragem
Para enfrentar o esperado
 Minha mãe minha mãe morta
Era bem triste o meu fardo!

Se quando em casa eu chegar
Sem mamãe a me esperar
Se naquela mesa grande
Houver sobrando um lugar
E, se eu, de mãos estendidas
Não vê-la a me abençoar?

Nunca mais ouvir sua voz
Seu grito chamando João
Suas histórias ao luar,
O afago da sua mão
Oh! Pai, Paizinho do céu
Diz que tudo isto é mentira
Que tudo isto é ilusão
Que quando em casa eu chegar
Ela está em sua cadeira
Meu filho você já veio?
Fez direitinho a feira?
Vem cá deixa eu te beijar!
Você está muito faceiro!

Cheguei em casa e entrei;
Mamãe não estava eu seu lugar
À mesa vi a tristeza
Querendo me consolar
Abri a porta do quarto
Ela estava agonizar.

Como um soldado de guerra
Dela fui me acercar
-Meu olhar eram dois rios
Enfrentando a fúria do mar
Mas ficou em calmaria
Olhando o dela a brilhar.

Eu de dor crucificado
Dela me aproximei.
Voz sumida ela me disse
Filho, é o fim, eu já sei
Não chore, morro feliz
Porque a vocês eu amei
E eu o coração em pedaços,
Ainda lhe supliquei.

Manzinha não vá embora
Não abandone os filhos teus!
Como é que posso viver
Sem ter os carinhos teus !
A me fitar como Santa
Ainda assim me falou:
Já é tarde, muito tarde
Minha hora já chegou
Eu te darei minha benção
Pois, para o céu Deus me chamou.

Aí! Senhores, a dor doeu
Meu rosto se amortalhou,
Minhas mãos buscarem espaço,
O meu coração de amor sangrou
O meu peito em desespero
No dela se abandonou.

E assim entre meus braços
Seu ultimo suspiro foi dado
Sem saber eu  já sabia
Que tudo estava acabado!
E eu triste, cambaleando
Maluco, desesperado
Sem poder olhar p’ra trás
Fiquei dizendo num brado:

Mãe , manzinha, mãe,
Um dia serei um poeta
Para pintar com versos
Para toda a humanidade
O teu retrato em ¾.










sábado, 14 de janeiro de 2012

O VESTIDO


Por que aquilo  que não podemos ver se torna tão complicado? Por nada! É apenas a danada da curiosidade. Até porque sempre não é o que esperamos, pois a surpresa pode surpreender positivamente ou negativamente, porém para não complicar, vamos deixar a dúvida continuar. A curiosidade que espere!

O VESTIDO


Eita! Que corpo mais belo
No vestido se escondendo
Parece à estrela Dalva
Lá no céu aparecendo
O voar do beija-flor
Para a fêmea aparecendo.

Como um vestido pequeno
Pode um corpo esconder
Mas, a noite vai embora.
Para o dia aparecer
Mas, o vestido ele fica.
Pro belo poder esconder.

É o fundo do oceano
Não sabemos o que encontrar
Porém, tudo belo.
Como a noite de luar
O vestido o que ele esconde
Não pode a gente mostrar.

Tirar a veste da floresta
O homem, ele já tirou.
Incomodar o repouso da lua
Até isto já chegou
O  vestido esconde mais
Do que o homem já inventou.

Nossos olhos feito flechas
Ferindo até a saudade
Procuram entre o vestido
O que é a novidade
Murcham, se fecham e dormem.
E não conhecem a verdade.

Eita! Que corpo mais belo
O vestido escondeu
Levou também meu sorriso
A alegria emudeceu
Mas, agora deixe o vestido.
Pois, meu sonho já morreu.